domingo, janeiro 07, 2007

ADIAFA

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OS ADIAFA AO VIVO

Adiafa


Um alentejo de confluências

Adiafa é uma palavra que tem origem no árabe - ad_diafa - referindo-se a um grande legado deixado pelos árabes em todo o Alentejo e Algarve. Um legado essencialmente ligado ao trabalho da terra e aos homens que a cultivam. Adiafa é, de resto, a celebração do convívio e do trabalho, em reunião de todos aqueles que convergiam ao Alentejo para trabalhos agrículas - sobretudo a monda, a ceifa e a apanha da Azeitona.

A música dos Adiafa assume a mistura de muitas refências musicais portuguesas - que viajaram de todo o país, para se concentrarem em terras alentejanas - trazidas por homens à procura do trabalho.

Também a utilização dos instrumentos - sobretudo os adufes e as caixas de guerra - fazem a ponte além fronteiras da terra dos homens de sol a sol. Não esquecendo, claro está, a utilização da Campaniça - este sim um instrumento do Baixo Alentejo, quase perdido, que agora vai sendo outra vez ouvido e tocado na região.

Os Adiafa são um grupo de sete músicos portugueses, empenhados na recuperação da canção tradicional alentejana, bem como na exploração das ricas polifonias vocais da região. Na bagagem, Zé Emídio (voz, adufe, bombo, caxixi), Emídio Zarcos (voz, caixa de guerra, chinfalho), Paulo Coçado (voz, viola campaniça), Luís Espinho (voz, palmas, textos), Toi Santos (voz, tracanholas, triângulo), João Paulo (voz, bombo), e Joaquim Simões (voz, fagote), trazem um passado repartido entre a formação e o ensino musical, a participação em grupos populares e a investigação da tradição sonora do Alentejo. A rampa de lançamento da banda, no entanto, acabou por ser uma música de origem popular, para a qual gravaram uma versão ligeira, e um teledisco humorístico. "As Meninas da Ribeira do Sado", um dos temas mais tocados, na rádio e na televisão, ao longo de 2003, valeu aos Adiafa significativa popularidade, bem como o convite para fazer a primeira parte do espectáculo da colombiana Shakira, no Pavilhão Atlântico. O concerto da cantora viria, de resto, a registar a lotação máxima do recinto lisboeta. Pequenas localidades rurais completam a sobrelotada agenda dos Adiafa, que no Verão são, inclusive, convidados a actuar na Suíça, para um público composto maioritariamente por emigrantes portugueses. O concerto abre o apetite dos baixo-alentejanos por mais deslocações ao estrangeiro, enquanto em território nacional "Adiafa", o álbum, atinge a marca da platina, por vendas superiores a 40 mil unidades.
Recorrendo a instrumentos tradicionais portugueses, como o adufe, o caixixi, a caixa de guerra, o chinfalho, a viola campaniça, as tracanholas e o fagote, os Adiafa tentam transpor para a sua música a alegria subjacente à expressão que lhes dá nome: proveniente do árabe "ad diafa", a palavra refere-se a uma dádiva oferecida pelos senhores da terra aos seus subordinados, à celebração entre os trabalhadores agrícolas que convergiam no Alentejo, para ajudarem à monda, à ceifa e à apanha da azeitona. A festa da amizade, e resultante erosão das fronteiras sociais, é um dos motes da banda, que, "porque os tempos mudaram", incluem em "Adiafa" uma remistura para "As Meninas da Ribeira do Sado", a "piscar o olho à noite disco-dançante das noites da cidade". Tudo com sotaque alentejano.


As Meninas Da Ribeira Do Sado
Adiafa
Composição: Adiafa

Estala a bomba
E o foguete vai no ar
Arrebenta e fica todo queimado
Não há ninguém que baile mais bem
Que as meninas da ribeira do Sado

As meninas da ribeira do Sado é que é
Lavram na terra com as unhas dos pés
As meninas da ribeira do Sado
São como as ovelhas
Têm carrapatos atrás das orelhas

Era um daqueles dias bem chalados
Em que o sol batia forte nas cabeças
As meninas viram que eu estava apanhado
E disseram nunca mais cá apareças

Mas não fui e entretive-me a bailar com três
Queriam que eu fosse atrás no convés
Mas não fui e mandei-as irem daar banho ao meu canário
Que bateu as botas com dores num ovário

Estala a bomba
E o foguete vai no ar
Arrebenta e fica todo queimado
Não há ninguém que baile mais bem
Que as meninas da ribeira do Sado

As meninas da ribeira do Sado é que é
Lavram na terra com as unhas dos pés
As meninas da ribeira do Sado
São como as ovelhas
Têm carrapatos atrás das orelhas

Têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos,
têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos,
têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos,
têm carrapatos atrás das orelhas!