domingo, julho 08, 2007

poetas alentejanos - FRANCISCO AUGUSTO GALRITO

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DÉCIMAS DEDICADAS AOS
ANIMAIS QUE PUXAVAM
PELOS ARADOS, CHARRUAS,
E CARROÇAS.
(PRIMEIRA METADE DOS
ANOS 60)
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Mote

Perdemos nossa valia
perdemos nossos valores
dentro desta nação
que reina são os motores

I
Oh tempo tivémos tempo
de andarmos bem arreados
com cascaveis e rabadas
e havia bom alimento
parou todo o movimento
perdemos nossa posia
até a passeio a gente ia
e fazíamos lindos trabalhos
e o nosso fim é nos talhos
perdemos a nossa valia

II
Dentro de quarteirões
lavramos nós em trela
andávamos sempre à parrela
e comíamos boas rações
já não há opiniões
nestes grandes produtores
hoje todos têm tratores
dizendo que lavram mais fundo
temos que dizer adeus mundo
perdemos os nossos valôres

III
Ainda havemos ser boas
em vindo anos molhados
hão-de andar atascados
quando parecer tudo lagoas
hoje com poucas pessoas
fazem grande produção
até vendem a ração
não há fava nem faval
isto é tudo geral
dentro desta nação

IV
Ferradores e abegões
deram já todos na droga
quem faz esta manobra
são os grandes camiões
a caminho das estações
iam grandes condutores
hoje todos têm tratores
não precisam de comer
e só o que se está a vêr
é quem reina são os motores

Décimas de FRANCISCO AUGUSTO GALRITO)