quarta-feira, outubro 24, 2012

HOUVE BALDÃO NA FEIRA DE CASTRO

.
COMO É DA TRADIÇÃO ,NA FEIRA DE CASTRO
E POR INICATIVA DA CORTIÇOL, HOUVE
NOITE DE BALDÃO NA FEIRA DE CASTRO.




Realizou-se este ano, tal já como na edição do ano passado, na antiga Taberna do Bravo, hoje, dos Caçadores das Sesmarias.

A noite de Baldão é sobretudo a noite dos cantadores, é deles a festa,e é no recato de uma taberna ,entre os seus, que gostam de cantar o baldão.

Pode dizer-se que o espaço é pequeno, que é incómodo para as pessoas que querem assistir, mas, a noite é sobretudo deles, e é ali que se sentem confortáveis ,não noutro espaço, maior e mais sofisticado .


Recordemos um exerto de um texto de José Guerreiro que nos fala do Baldão:

"Em volta de uma mesa sentam-se os cantadores, normalmente juntinhos e sobre a mesma dispõem-se os copos e coloca-se o mais. Buscam posições, procuram parceiros, trocam olhares fugidios, disfarçadamente miram a aparência dos concorrentes, tossem, pigarreiam, limpam a garganta, passam sugestivamente a mão pelo pescoço e invariavelmente lamentam-se pela sua fala que hoje para nada presta.
Tenho estado tão constipado ... se calhar até nem canto, é o costume dizerem.
Mas cantam sempre, é uma desculpa adiantada para qualquer falho ou para iludir os outros se eles se fiarem nas queixas.
Entretanto, todos se aconchegam, ajeitando-se nos lugares para darem largueza ao tocador. E a campaniça começa a retenir a moda da marianita do princípio ao fim. Sempre assim foi e assim será. Tal como o rumo das cantigas, segue obrigatoriamente o percurso inverso ao sentido dos ponteiros do relógio. É um preceito. Uma regra que ficou estabelecida desde o início deste cante para que cada vez que se juntam não tenham de estar a preocupar-se com os pormenores da volta."


O Baldão é uma prática de cantares ao desafio que em Portugal terá começado a ser praticado nos finais do sec XIX no concelho de Odemira.

Já no sec.XX teve um periodo de florescimeto e estendeu-se aos concelhos vizinhos de Castro Verde, Ourique e Almodôvar.

Teve um período de um certo declínio entre os anos 60 e 80 ,para ressurgir a partir dos anos 80 graças à acção de organizações como a Cortiçol .

No Sábado da Feira de Castro, a Taberna onde se realizou este ano a noite do baldão, encheu-se de cantadores , que depois dos petiscos tradicionais ficaram prontos para a função.

Com a sala cheia foi-me dificil colher imagens ,pois deparei com esta enchente .



Foi pois em equilibrio instável e muito esforço muscular que consegui registar para memória futura algumas das circunstâncias que ali se foram desenrolando.



Todos os anos, e durante a refeição, os cantadores, escolhem por votação, qual deles será homenageado na edição do Baldão do ano seguinte.
No ano passado foi escolhido o Zé Guerreiro, que foi assim o homenageado este ano.


Antes do começo própriamente dito da função, actuaram pela primeira vez neste ambiente de baldão, os alunos da escola de viola campaniça



jovens que representam uma garantia de futuro desta tradição



Depois, bem depois,o José Guerreiro, que tem sido a alma desta iniciativa anual na Feira de Castro, deu inicio à sessão ,com um breve improviso:



Ainda em período de "aquecimento" o poeta popular Chico Horta .que também participa no baldão, dedicou um poema aos seus colegas de mesa:



muitos aplausos e dpois veio o Baldão , ele próprio :



rodando os cantadores no sentido contrário aos ponteiros do relógio, aqui com a Mariana da Estação, uma espécie de papisa do baldão





E foram assim rodado e cantando noite adentro até que a voz começou a não obedecer.
Para o ano que vem há mais, para que a tradição não morra.
Viva o Baldão!!!