terça-feira, junho 10, 2014

CRÓNICA DA FESTA DO 27º-ENCONTRO DE CANTARES ALENTEJANOS DO CONCELHO DE ALMADA

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O GRUPO CORAL ETNOGRÁFICO AMIGOS
DO ALENTEJO DO FEIJÓ, VOLTOU ES-
TE ANO A ORGANIZAR UM ENCONTRO
DE CANTARES ALENTEJANOS,NA SUA
FREGUESIA, NO FEIJÓ.


O Encontro, inicialmente programado para se realizar no seu local habitual, no jardim junto ao Pavilhão dos Desportos de Almada, no Feijó, foi, à ultima hora, transferido para a sede do Clube Recreativo do Feijó, por motivos de ameaça de mau tempo.

A transferência se é verdade que perdeu em espaço vital, ganhou em melhor qualidade de som e conforto.

Já aqui tenho dito ,que o Alentejo começa na Margem Sul, onde a alentejanidade das populações se sente em cada casa, em cada esquina.
Lembro mesmo um estudo da antropóloga ANA DURÃO MACHADO, que explica bem o porquê dessa realidade:


Breve história

O Cante Alentejano terá chegado ao Feijó, em meados dos anos 1950s, 1960s, quando começaram a afluir a este lugar muitos alentejanos, atraídos pela perspectiva de habitação com rendas acessíveis, e pela proximidade aos postos de trabalho, existindo muitos alentejanos a laborar no Arsenal do Alfeite, na Lisnave e noutras indústrias situadas nos arredores. O impacto desta população migrante foi tal na freguesia, que em poucos anos ela conheceu um novo sotaque, outros hábitos e costumes, convertendo-se numa autêntica colónia alentejana, com redes sociais muito intensas, baseadas em laços de família e conterranidade.
Nos tempos livres, o homem alentejano, à imagem e semelhança do que praticava no Alentejo, procurava pontos estratégicos de convívio, procurando o encontro com outros conterrâneos. As colectividades, como as associações recreativas e os clubes, terão desempenhado um papel importante nesse sentido, promovendo a sua participação e a inter-relação social. No entanto, era nas tabernas e nos pequenos “tascos” do Feijó, lugares consagrados aos homens, que as relações de camaradagem se intensificavam, onde não havia normas nem regras a cumprir, comportamentos considerados inadequados ou desviantes. Nesses lugares recriou-se um ambiente tipicamente alentejano, influenciado em muitos casos pelos próprios proprietários desses estabelecimentos, frequentemente também alentejanos. Esses, eram os seus verdadeiros “refúgios”, onde entre um copo de vinho e uma fatia de pão com queijo, ou chouriço, entre outras iguarias e pitéus, se juntavam as vozes e os sotaques, se entoava o cante sentido, nostálgico e saudoso, evocando a terra deixada.
Este cante espontâneo começou a ser difundido pelo Feijó em encontros esporádicos ou sistemáticos de grupos informais, sendo presença confirmada em convívios regionais, frequentando algumas casas no Feijó, onde havia um ambiente alentejano. Havia um restaurante , que era o "Romão" e as pessoas juntavam-se ali, bebiam os seus copos, cantavam as suas
cantigas, , principalmente aos fins-de-semana (...) “.

A criação do Grupo Coral Amigos do Alentejo surgiu apenas nos anos 1980s, a 21 de Março de 1986. Segundo alguns membros fundadores do grupo, este teve origem num outro grupo coral, chamado Os Amigos da Serra de Serpa, formado por vários elementos de terras próximas de Serpa, na ocasião de um piquenique de convívio anual. Apesar do intento, esse coral nunca teve vida própria, nem contornos oficiais, surgindo apenas em encontros esporádicos. Este grupo de cantadores acabou por se dissolver com a formação dos Amigos do Alentejo.
Nessa altura, os impulsionadores do coral enviaram cartas aos melhores cantadores do Feijó e arredores, segundo conta o Sr. Domingos Reganha, um dos fundadores. Após várias diligências o grupo foi formado com 14 elementos. Mais tarde, com a fama que ganhou na região, o grupo chegou a possuir 36 membros. No início do seu percurso artístico como não tinham sede, nem lugar para ensaiar as modas, foi nomeada uma comissão que se reuniu com o Clube Recreativo do Feijó, com o objectivo de se filiarem no clube e...passados 26 anos , ainda lá permanecem, é a sua casa.
(EXERTO DE UM ESTUDO DA ANTROPÓLOGA ANA DURÃO MACHADO

Mas voltemos ao nosso tempo, à 27º.Encontro dos Cantares Alentejanos, a que a CASA DAS PRIMAS assistiu, e que aqui deixa registo para memória futura.

Consumada a transferência do local, desde logo se começaram a reunir junto da Sede do Clube Recreativo do Feijó, os elementos dos diversos Grupos Corais, em franca e muito alentejana camaradagem


e


Na sala repleta e ansiosa, ,foi como sempre , a alma da organização, o amigo Afonso, que deu o aranque formal ao Encontro dirigindo-se à plateia,
naquele jeito característico que é o seu:


apresentando as razões que o levaram a mudar o local e falando sobre o Encontro.

Passaram então pelo palco, ´muitas das personalidades que ao longo do ano se relacionam e cooperam com o Grupo em prol da cultura alentejana e da Freguesia.

Pelo conteúdo da sua mensagem, deixo aqui as palavras do amigo JOSÉ FREIRE COLAÇO, que falou em nome da MODA, de que é dirigente:


a que seguiram, dirigentes da Câmara de Almada, da Freguesia agora conjunta Laranjeiro-Feijó, do Clube Recreativo do Feijó e outros mais




e também com a tradicional troca de prendas

Pela voz do Afonso, soube-se então, que o Encontro de Cantares a que íamos assistir estava a ser transmitido em directo, através da Rádio Solar de Londres no Programa SEMPRE ALENTEJO , de Manuel Venâncio, que então fez ouvir a sua voz :


Chegou então a vez do Grupo da casa, dos AMIGOS DO ALENTEJO DO FEIJÓ abrirem a fase das actuações:



muito aplaudidos , a cantar cada vez melhor.

De Moura , veio o bravo GRUPO CORAL DO ATENEU MOURENSE, apresentado pelo seu líder:





cantaram


e encantaram, pois "como ma rola ninguém canta"



Foi então a vez de subir ao palco o GRUPO CORAL OS CARDADORES DA SETE, tendo o seu líder e ensaiador PEDRO MESTRE, dirigido algumas palavras À sala, congratulando-se, na oportunidade, com a qualidade das pessoas que assistiam em silêncio aos cantares dos grupos


interpretando em seguida mais uma moda do seu rico e bem escolhido reportório

Linda rosa

Chegou então a vez dos CEIFEIROS DE CUBA
apresentados pelo seu líder




que muito entusiasmaram a plateia com esta moda

..."...toda a gente me conhece pelo modo d'eu cantar, tralaralá..."

O GRUPO CORAL CANTARES DE ÉVORA, trouxeram de novo a sua qualidade na imagem,no cante e na escolha do reportório





Subiu então ao palco o GRUPO CORAL E ETNOGRÁFICO DE VIANA DO ALENTEJO

muito acarinhado, pela importância que têm tido ao longo de uma carreira de muitos anos




Foi então a vez do GRUPO CORAL ESTRELAS DO GUADIANA DE TIRES,CACAIS, e do regresso ao palco do incansável JOSÉ FREIRE COLAÇO,

conduzindo o seu grupo a patamares de grande qualidade




A noite já ia longa, mas o ambiente continuava a ser de festa, ninguém arredava pé, todos queriam mais e mais, e o seu sentido de pertença àquele espaço àquela comunidade bem alentejana.

E foi a vez do jovem grupo CAMPANIÇA TRIO, subir ao palco

que entre outras modas de sucesso, pôs a sala a vibrar e a dançar com o LAMPIÃO DA ESQUINA


reparem no entusiasmo da prima Natércia (uma das Primas que deu o nome ao nosso blogue) ao minuto 2,38 deste vídeo, a participar cantando "Oh lampião,lampião....."


e a cantar com a prima Hermínia (a outra das primas que deu nome ao nosso blogue), mais a Hermínia Pinto e o José Batista.



Pedro Mestre , apresentou então o novo grupo recentemente formado , tendo como base os 3 elementos do Campaniça Trio mais 2 excelentes interpretes, mais 2 jovens de belas vozes, formando os 5, os CANTADORES DO SUL.

E que cantadores.
Três altos num só grupo de 5.

Reparem, escutem e surpreendam-se com esta espantosa actuação


...de arrepiar




e a noite terminou em glória com a sala a vibrar com a poetisa ROSA DIAS a dizer um lindo poema


que não consegui já captar em vídeo, já com as baterias esgotadas ao longo da noite.

Foi, enfim, uma noite a recordar, parabéns na pessoa do Afonso, aos Amigos do Alentejo do Feijó, por mais uma excelente organização.
Bem hajam